Escrevo porque não digo...
O que sinto, calo.

terça-feira, 29 de junho de 2010



Sim, agradeço a Deus por ver um mundo lindo, vivo.
Sim, agradeço a Deus por tantas cores
E pelas dores, que me fazem crescer
e ver que "isso aqui" não é nada,
Que "isso aqui" se acaba, passa...
Que é cinza ao vento,
E que o tempo, nada mais é, que o bilhete para a eternidade.

Palmas! Palmas! Palmas!



Aplausos a mentira!
Sorrisos aos tolos...
pobres artistas, enganadores de suas próprias vidas.
Num cochicho, a verdade chegou!
Sim, sim...
ela chegou!!!
E um bom sorriso agora eu dou!!!



O sol se pondo, beirando o mar,
A música que toca, enquanto sopra o vento,
Me deixam atento ao caminho que ainda falta.
Em pauta, coloco meus mais profundos pensamentos...
Onde eu também me exponho,
Me deito,
E te encontro.

quarta-feira, 23 de junho de 2010



Vou resistir a você, eu disse.
Mas mera ilusão a que, em mim, reside.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Enganos



Qual a doçura de cada ser?
Quem se conhece?
E quem conhece quem?
É tudo tão vago, mesquinho, barato...
Sentimentos banais que são maiores que os amores
Chegam sempre escondidos num buquê de flores.
Mas as flores secam,
As folhas caem,
O vento leva.
E o que cega no momento de engano,
Acorda, bem a frente, esse ser profano
Que doou ouvidos,
Palavras,
Libidos.
E o que resta é lamentar a verdadeira face
Revelada, então, pela máscara esfacelada de seu actor.


E eu que achei ser capaz de viver inerte ao tempo,
sorrio agora junto a sorrisos,
há bem pouco, desconhecidos,
despercebidos...
por um instante, vazios.
Vejo, então, que somos um cada um...
Uma vida construindo inúmeras histórias distintas.



Passei pelas mesmas esquinas,
Retornei aos mesmos bares,
Caminhei novamente pela velha cidade que, um dia, nos pertenceu.
Quis ver-te e não quis,
Quis ler-te, ligar-te e não fiz...
Uma imensa vontade de chocar-te com minhas novidades vãs...
De dizer que hoje nem me importo com os meros amanhãs.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Racionalizar...



Dias que vêm e vão,
A fumaça que se dispersa e se esvai,
Uma voz muda,
Dizer o que não sente,
Sentir o que não diz,
Compor-se,
Decompor-se,
Viver em vão,
Morrer ou não,
Laços feitos sem nós,
Um medo no início da fila
Pirraça, pirraça...
Não anda,
Me espanta.
Um aquário vazio,
Um enorme e raso rio,
Ondas quebrando num mar morto
nos levam a outros caminhos sem fim,
Sem ninguém,
Sem mim.

terça-feira, 15 de junho de 2010



Certos amores insistem em não partir...
Partem alguns corações,
Repartem peitos em prisões.



Damos bons concelhos...
É uma pena que não ouçamos os mesmos.

Paixão



Arrepios traduzindo beijos,
Descartando amores desfeitos.
Defeitos que se guardam em gavetinhas,
Se ocultam ao toparem com início de tudo...
Toda uma multidão se transforma em vazio.
E a pele é como um imã...
O prisma ofertado pelos deuses.

quarta-feira, 9 de junho de 2010



Eu sou assim, meio down...
Se quiser, fique.
Se não quiser, tchau.


Um mundo visto aos olhos de Lispector,
Seria um tanto quanto nostálgico,
Melancólico...
Dramático, talvez.
Mas, de certa forma, real, vez em quando.


Meu corpo pede intensidade...
Minha alma tem sede de emoção.
Sou puta,
Sou fina,
Trabalho na esquina.

Sou dama,
Senhora,
De dia, lá fora.

Sou tudo o que dizem,
Sou tudo que querem...

Mas filha de Deus,
Pois sou mesmo eu,
Embora reneguem.

terça-feira, 8 de junho de 2010



Meus problemas me fazem morrer pro mundo,
Me afogando em solidão.

sábado, 5 de junho de 2010



Fiz da solidão
Motivo de criação,
Conhecimento,
De auto-avaliação.

Fiz do meu quarto
A lente pro meu retrato,
Um parto pra minha arte,
As peças do meu encaixe.

sexta-feira, 4 de junho de 2010



Desejo e prazer que me consomem a carne,
Que me cobrem a pele
E encobrem o que há em meu íntimo.

Ora quero o mundo em mim,
Ora almejo apenas um mundo
onde eu possa adentrar,
e mostrar, sem medo, quem realmente sou.

Quero atravessar as fronteiras d'um novo território,
Desbravar com toda coragem o desconhecido.
Quero uma nova alma,
Que me alimente,
Que me tente
E invente em mim motivos para estar viva.


Não sei mais o que é saudade
Nem sei mais o que me parte,
O que é parte de mim,
Que parte minha lhe cabe.
Só sei que sigo sozinho
Trilhando o meu caminho,
Tentando ser o meu norte,
Meu forte...
Aprendendo a ter mais de mim.


Bom mesmo é afagar cachorros de rua
Que, em troca, vão sempre abanar o rabo...
E são felizes mesmo assim,
Sem precisar de afagos.

Rastro de Pensamento



Chegou em casa
Trancou a porta
Sentiu-se seguro

Tirou os sapatos
Desfez os laços
Desfez o escuro

Resumo do dia:

Envelheceu um pouco
Encontrou um bilhete
Precisou deitar

Mas é teimoso
Pegou o bilhete
Também uma caneta

Agora já pôde
Livre escrever
O que vem a cabeça

O tempo anda
Agora é dia
Tem que dormir

Mas, mesmo cansado,
Sentiu até a euforia
De depois renascer.

Jamison Sampaio

Seis da Tarde



Um trabalho que termina
Algum outro que começa
Pode ser início de uma vida
Ou só uma rotina impressa

Uns verão os seus amores
Outros buscarão só dores
Eu, aqui, também vou indo
Com os dias que vão vindo

Observo e retrato
O que fato me parece
Mesmo que seja bem breve

Um sorriso d'um mendigo
A passagem de um barco
Ou um amor que foi perdido


Sou dada ao papel e a caneta,
Mas proceda o seu digitar...
O clique que te alimenta as madrugadas vãs,
Que fazem companhia a sua perturbadora insónia.


O show é o retrato do ensaio.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

E que canção eu cantaria?



Talvez cantasse-me um bolero
Tão sincero que até mesmo iludiria
Minha alma, hoje fria

E diria sempre assim,
Como alguém que nada quer
Pr'outro alguém já bem cansado,
Com o peito estilhaçado
Ao desamor d'uma mulher

Oh, meu pobre e bom amigo
Sei que sente-se um mendigo
Oferecendo o teu perdão

Mas caminhe levemente,
Pois o que hoje pesa a mente,
Esquecerá teu coração.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Soneto da Solidão



Soneto da solidão
Sofrendo, de certo, em vão
Criando o seu vazio
Morrendo horas a fio

Talvez pra passar seu tempo
Ou mesmo ficar atento
Pra dor vir lhe dar um norte
Sua luz em seu próprio forte

Assim, se segue sozinho
Fazendo o seu caminho
Quem não encontrou no outro

Aquilo que idealiza
Seu íntimo, seu oposto
Que acha que lhe ameniza